quarta-feira, 13 de junho de 2018
Criaturas
autocentradas, invasivas e invejosas no ambiente empresarial.
Está tornando-se cada vez
mais comum o comportamento invasivo e autocentrado, sem noção, de criaturas,
não somente no ambiente empresarial, como em outros setores de nossas vidas. Essas
criaturas sem noção são capazes de invadir o seu perfil nas diversas redes
sociais, sem o menor pudor, e começam a despejar uma avalanche de postagens
como encaminhamento de CVs, promoção de sites pessoais ou corporativos e
pasmem, até venda de bolo de pote. E postam por serem seus amigos e/ou
conhecidos. Elas postam o que lhes convêm, a qualquer hora do dia, ignorando
até o horário comercial. Dizem estar
otimizando o tempo. O tempo que não é delas. Essas criaturas manipulam, ao bel
prazer, o tempo do outro. Compreensão equivocada dos vocábulos liberdade e tempo. Criaturas invasivas e
mal educadas, isso é o que são.
Esse senso equivocado de
liberdade e tempo parece piorar no âmbito de convivência em condomínio.
Criaturas dão festas e jogam copos descartáveis pela janela, fumam, e jogam
guimba de cigarros pela janela e por último, não menos absurdo, transam e jogam tanto a embalagem quanto
a camisinha usada pela janela. Um não senso absurdo total do espaço do outro,
do que é do outro. Eu tenho vivido isso. E, porque reclamo, sou chata. As
criaturas sujam minha varanda e eu sou a chata.
O Linkedin, originalmente um site voltado ao universo profissional, virou
palco de debate político, autoajuda, divulgação de propagandas sem noção,
simplesmente, porque essas criaturas se negam enxergar o espaço e os limites do
outro. As criaturas não conseguem entender normas de conduta em grupo, afinal,
convenhamos, o Linkedin não é o local
apropriado para falar sobre a separação de conhecido casal de jornalistas nem sobre o gosto pessoal de tal e qual artista . De novo, eu sou a chata.
Igualmente, fora das redes
sociais, no ambiente empresarial, criaturas se comportam como se fossem indispensáveis,
seres onipresentes, oniscientes e onipotentes - deuses! Não bastasse o ambiente empresarial ser legitimamente
masculino e a herança patriarcal presente nos mínimos detalhes: palavrões,
comentários sobre conquistas amorosas do dia anterior com colegas, em voz alta
etc. E desse jeito, ignorando presenças femininas pelos corredores e salas. Agem
como se a empresa fosse uma extensão de suas residências. Falta pouco para
abrirem uma cervejinha enquanto comentam sobre seus feitos. Respeito,
comportamento profissional? Isso sem falar de muita competição boba e pouca
produtividade. Olha a chata, aí, de
novo.
É fato que se perde tempo
valioso em reuniões que não seguem a pauta e desandam a trivialidades, mero
preenchimento de tempo. Assim, o tempo de criaturas é subutilizado sem qualquer
cerimônia pela criatura que convocou a reunião sem sentido. A reunião termina e
nada relevante acontece de fato que justificasse o mau uso do tempo dos outros.
Há muito o sentido de equipe
se perdeu nas empresas, em geral. O que se vê é disputa entre egos, quem tem o
poder. O líder que deveria ser aquela criatura a estimular os demais membros da
equipe a terem atitudes criativas na empresa é o primeiro a se comportar como
se sua equipe não fosse relevante porque tudo acontece porque ele, o líder ou
chefe, é quem tem o poder. Poder é mal
usado. Membros pró ativos não são bem vindo.
Tampouco opiniões. Chefes inseguros e imaturos que não permitem que sua
equipe trabalhe, seja criativa. Inacreditável.
A grande disputa entre as
gerações Baby Boomers, X e Y se faz presente. Olha a chata de novo.
Assim, o ambiente
corporativo vive crises interpessoais que deveriam estar sendo elaboradas em
terapia, não sendo vivenciadas nas empresas.
Criaturas inseguras temendo por suas ideias criativas serem roubadas e
não receberem crédito, criaturas autocentradas, individualistas, que só olham
para os próprios umbigos, e o fantasma do desemprego rondando, principalmente para
os das gerações Baby Boomers e X.
O trabalho em equipe ainda
está sendo vivenciado no sentido pessoal, para provar quem é o melhor (típico
da geração Y), não o sentido da equipe, de senso comum, quando as capacidades
de cada um, independente da geração é que deveriam ser valorizadas.
A empresa do futuro saberá
administrar as diferenças para o bem comum. A empresa do futuro será aquela que
saberá valorizar seus profissionais, com suas capacidades e experiências
distintas, não descriminando ou utilizando-se de subterfúgios preconceituosos. Respeito e tolerância são essenciais entre os
membros da equipe de qualquer empresa, em qualquer tempo. Chata?
sábado, 7 de janeiro de 2017
Atitude e Aquisição nos diferentes setores
Caminhada matinal ao redor do Palácio Quitandinha.
Todos os anos, com a virada do Ano Novo, ocorre nas redes sociais uma avalanche de comentários esperançosos, todos almejando ser, desta vez, o ano de mudanças. É curioso, que ainda neste século, pessoas entendam que a mudança em suas vidas dependa dos outros ou no caso específico, da virada do novo ano. Mudou o ano, pronto, tudo irá mudar magicamente! E alguns escrevem: “Vem, que eu quero lhe usar”, com uma conotação primitiva de prazer sexual. Tal qual o sexo (estupro) para os homens da caverna, que pegavam a primeira fêmea ao alcance de suas mãos. Pronto, magicamente saciados. Tal crença mágica se repete nos relacionamentos em geral, afetivos, certamente, e nos sentidos profissional e pessoal das pessoas.
Psicologicamente falando, uma regressão ao período matriarcal passivo, período esse no qual, por exemplo, o bebê, com fome, chora e o alimento surge na forma mágica do seio ou mamadeira.
No ambiente corporativo observa-se esse comportamento quando profissionais são substituídos simplesmente pelo fato de pertencerem à geração diferente da atual, no caso Geração Z. Então, é só substituir o profissional defasado e a empresa lucra magicamente. Bazinga! O curioso é constatar essa crença em todos os setores (inclusive amoroso), classes sociais e em diferentes níveis de cultura. Bazinga!
Para que ocorra mudança em qualquer setor de nossas vidas, é preciso que, de substantivo, mudança, passe a verbo, mudar. E para tal, dar o primeiro passo. Não esperar passivamente algum efeito mágico. Ter atitude implica sair da zona de conforto tão conhecida. Lamúria e fazer o papel da vitima, ou vivenciar a síndrome de Poliana, de ver tudo cor de rosa, de nada servirá.
Chega de responsabilizar o governo, a geração defasada, o chefe, a chuva, o ano, o gato preto, o tucano, a regência astrológica para o ano pelos insucessos e frustrações. Mãos na massa! Mude o trajeto para o trabalho ou para a casa. Faça cursos online. Crie, invente possibilidades. Seja o agente de sua vida.
Lembro-me, quando fui contratada para ser tradutora numa multinacional, ouvir uma funcionária antiga, secretária, falando ao telefone em voz alta para que eu escutasse, dizer sentir-se apunhalada pelas costas por não ter sido promovida ao cargo de tradutora, que ela trabalhava na empresa há 17 anos, coisa e tal. Então, quando ela desligou o telefone e olhou pra mim, eu imediatamente perguntei-lhe se ela falava Inglês e estava acostumada a fazer traduções. Ela rapidamente respondeu: “Não falo, nem escrevo em Inglês”. Bazinga!
Sentimento equivocado. Ela precisava por a culpa em alguém. O que a impediu, todos esses 17 anos, estando na empresa, de estudar e aperfeiçoar-se, já pensando numa mudança de cargo? O que a impediu de fazer um upgrade no currículo e ser mais competitiva?
Essa falta de atitude está presente em tudo. É mais fácil reclamar e sentir-se injustiçado. Assim, consumidores insatisfeitos não procuram seus direitos. Pessoas culpam o Natal e Ano Novo pelo ganho de peso, profissionais e leigos assinam sem ler antes contratos fraudulentos, porque todo mundo faz assim, elevadores deixam de funcionar ou vão para o fundo por excesso de peso, porque ninguém liga se entrou mais um sabendo-se ser o limite de 06 pessoas etc.
A aquisição de algo, um emprego, promoção, saúde, companheiro só ocorrerá quando algo criativo e diferente for feito. Chega de compulsão à repetição. Chega de reclamação.
Atitude já!
Caminhada matinal ao redor do Palácio Quitandinha.
terça-feira, 8 de março de 2016
A Astrologia nos orienta que
a cada trinta anos todos nós temos a oportunidade de aprender, despertar e
promover a própria mudança. Acontece como uma inquietação e dá o efeito
“start”. Algumas pessoas mudam próximo
aos 30, outras aos 60, outras aos 90 e outras não aprendem.
Reencontrei essa pessoa. Ela
mostrava-se altiva, segura em suas atitudes. Na verdade, ela escondia uma
mulher carente e frágil, insegura e amedrontada. Somente aqueles mais atentos como eu, poderia
perceber isso com apenas um olhar. Experiência
de vida. Dejà vue. Lembranças de
vidas passadas. Fiquem à vontade. O fato é que o olhar diz tudo. Olhos pretos pequeninos,
com vastos, longos cílios, e olhar expressivamente triste. Sorriso sem brilho. Músculos
da face tensos. Ela pensava que podia enganar a todos vestindo todos os dias aquela
personagem feita de papel crepom para sair. O tempo todo ela investia sua
energia na construção daquela personagem para fugir de quem era realmente. Não!
Arrogante, orgulhosa e prepotente, não queria ser vista por todos como uma
pessoa comum. Ela queria ser alguém importante aos olhos dos outros. Afinal, uma
vencedora, dado seu histórico familiar, abusos, traumas. Ela tinha que ser
diferenciada, estar em destaque para ser notada e ovacionada ante a multidão de
pessoas comuns. Faltava-lhe pouco para usar uma melancia pendurada no pescoço, tamanho
seu apelo por atenção; e utilizar da característica cômica de seu personagem.
Não! Seria deselegante. Queria ser notada por sua inteligência. Fazia questão
de falar sobre seu QI elevado. Havia se formado numa Universidade particular, inscrita
no programa de ajuda financeira a estudantes que não podem pagar a universidade,
estudado um idioma estrangeiro. Gabava-se, dizendo ter a certeza de sua
importância para a sociedade como formadora de opinião etc. e tal. Não
conseguiu estabilidade profissional nem econômica. Usava maquiagem, roupas,
perfumes que não podia pagar. Usava o mágico cartão de crédito. Muitas vezes
não tinha sequer dinheiro para o ônibus. Ela fez questão de mudar-se para a
zona nobre da cidade, morando numa vaga, e posar de classe média alta. Queria apagar lembranças de sua origem sem
refinamento. Coincidentemente, seu sobrenome era o mesmo de alguém influente no
cenário político nacional. Não tinha qualquer parentesco com a tal criatura.
Somente coincidência mesmo. No entanto, ressaltava o sobrenome para fazer
efeito sobre as pessoas. Falava muito, emendando um assunto em outro, para não
dar tempo ao ouvinte de fazer alguma pergunta e, para ao mesmo tempo, ter a
sensação de que tinha domínio do discurso e a atenção do outro. Articulada. No
perfil de seu personagem constava que ela expressava suas ideias demonstrando não
somente conhecimento como desenvoltura e firmeza em assuntos como sexo,
política, religião, preconceito, mecânica de automóveis etc. No entanto, tudo
texto decorado de sua personagem. O seu texto era muito diferente. O que aqueles olhos pretos pequeninos me diziam
era que ela se sentia a mais carente e solitária das criaturas. Ela tinha fobia
por falar em público e era tímida. Seus
olhos pretos pequeninos, antes de tudo, pediam ajuda. Só que a personagem
estava tão presente que já não havia mais espaço para ela, só os olhos pretos
pequeninos ainda permaneciam ali. Há
muito ela havia se infiltrado naquele texto criado, e já acreditava piamente
ser a personagem. Imagino sua destreza nas sessões de psicoterapia, tentando
manipular a terapeuta, convencendo a si mesma e à terapeuta, de que fazia
terapia por ser chic ou por outra
razão qualquer.
Ela nunca relaxava, sua
mente era como um motor ligado na potencia máxima, prestes a parar de funcionar
por superaquecimento. Seu semblante,
pesado. Sua pele muito alva. Inconscientemente, ela fugia da luz do sol. Doava
à personagem uma energia que não possuía para provar a si mesma que podia
construir uma personagem poderosa, imbatível e irresistível. Ela, não a personagem, sentia-se um patinho
feio, tinha TOC, sentia dor de cabeça constante, enjoo, devido à gastrite
crônica, dor nas costas, dor nas pernas, prisão de ventre e sofria de insônia. Estava
esgotada. Visivelmente, a aparência bem mais velha para a sua idade, apesar de
apresentar um comportamento emocional tipicamente adolescente. Olheiras visíveis
pela ausência de sono e cansaço físico e mental. Ela já apresentava um quadro
de depressão. Analgésicos, ansiolíticos e outras cositas mas. Contrariamente à sua personagem, esta tinha autoestima
elevada, adorava o sol, a praia, exibir-se. Era viva, dinâmica, atualizadíssima,
munida de seus dispositivos eletrônicos, alegre, jovial e sedutora. Sua personagem usava um olhar sedutor, fala
sedutora, cabelos longos soltos, que balançavam ao vento, conforme caminhava na
rua ou praia, só para seduzir pessoas comuns. Adorava perceber os olhares de
cobiça e inveja. Tudo, conforme constava no script,
que seguia direitinho, para não ter que lembrar que para gostar um pouco de si
mesma havia se submetido a inúmeras cirurgias plásticas e, mesmo assim, ainda
não estava satisfeita consigo própria. Ela,
a personagem, fazia biquinho para
pedir orientação sobre indicação de uma rua ou simplesmente para pedir ao
vizinho de porta, casado, trocar um armário grande de lugar, só para dar
motivos para a vizinha brigar com o marido, e assim, sentir-se
po-de-ro-sa. Afinal, ela seduzia por prazer,
o seu próprio prazer. Ela queria e pronto. Tão diferente da criadora da
personagem. Faltava-lhe senso ético,
moral e religioso. Também adorava passar por uma obra só para ouvir os
trabalhadores, pessoas comuns, se deliciarem, referindo-se a ela como algo de
comer. A personagem me contava tudo com ar de sapeca para, logo em seguida,
penso, cair em si e revelar seus olhos pretos pequeninos e tristes. Sua
personagem era perfeita, gabava-se dizendo nunca ter se submetido a nenhuma
cirurgia, que tudo era natural. E que nem precisava fazer academia. Podia comer
à vontade. Comia brigadeiro, massas diversas, açaí e podia comer um boi
inteiro, pois sim. E dizia que se
ganhasse peso, seriam apenas poucas 100 gramas, até bem menos. A criadora da
personagem nem se alimentava direito, devido especificamente à gastrite
crônica; por isso era magra. A
personagem dizia que tinha ficantes,
pois adorava transar; comparava-se a uma ninfomaníaca. Dizia que quando estava a fim de, era só chamar aquele que iria satisfazer seus desejos
específicos daquele dia. Ui! Eu acompanhava seus momentos de perto. E como quem
sabe diferenciar um gêmeo do outro, eu observava seu esforço em aparentar ser o
que não era diante das pessoas, tratando-as sempre pelo primeiro nome,
demonstrando segurança e intimidade sem ter. É engraçado, esse senso arrogante
de autoimportância. Tão anos 50-60 isso; tão démodée. Eu não posso evitar um sorrisinho de canto de boca quando
presencio tais cenas. Tem gente que parece que veio direto do túnel do tempo. Rs.
Toda vez que estávamos
sozinhas, ela sentia-se um pouco à vontade para despir-se de sua personagem e
respirar um pouco seu próprio ar, conversar comigo, olhar no olhar, e perguntar
o que eu pensava de tudo aquilo. Ela dizia que queria casar de véu, grinalda,
flor de laranjeira, um vestido branco lindo e ter muitos filhos. No corpo da
personagem procurava alguém enquanto a personagem tinha interesses bem
diferentes. Ela não compreendia porque ninguém a amava. Vários relacionamentos
vazios, experiências repetidas não aprendidas. A briga interna entre a
personagem, mulher fatal que criara, e a mulher real carente e amedrontada
estava ficando séria. Sua personagem era independente, livre, leve e solta. Era
indomável. Filhos não estavam em seus planos. Homens somente para
diversão. A sombra estava apossando-se dela. Sua criadora queria pertencer a
alguém, ter um lar e filhos. Dependente emocional. Frustrações compartilhadas
com seus gatos, comigo e poucos amigos. A personagem fazia carão nas redes sociais em eventos diversos. Ela chorava baixinho,
agarrada ao seu travesseiro à noite em seu quarto.
Por alguma razão ela
sentia-se segura com a minha presença. Ela
me pedia orientação. Por vezes, ela
mesma me disse que eu era como uma fada, “minha
fadinha”. No entanto, já estava tão impregnada da personagem que criara
para si que voltava imediatamente para a personagem, toda vez que parecia que
algo a trazia de volta para si. Ela, a personagem, então, irritada, me chamava
de “dona da verdade”. “Minha fadinha”, para ela e “dona da verdade” para sua personagem.
Duas falas, textos opostos. Engraçado isso. Dupla personalidade. Bipolaridade. Incorporação
de uma entidade. Espírito obsessor. Fiquem à vontade. Tudo que ela não queria
era mudar, sua personagem a seduzira também. Era a sombra Lillith que ela
não podia bancar, eu dizia.
E quando dizia que queria
mudar, não percebia tratar-se de um processo. Ela queria mudança rápida, como
se estivesse sendo espionada. Eu falava-lhe sobre alimentação saudável, meditação,
respiração consciente, mantras, tai chi etc. Ela queria aprender tudo rápido, absorver
tudo rápido, como se eu pudesse fazer transferência direta de dados. Como se,
ela mesma, fosse um de seus dispositivos, pronta para fazer transferência de
dados. Estava perdendo-se há muito tempo e não percebia o tempo passar. Estava pensando
que podia continuar o que não tinha condições de bancar. Petulância. Burrice.
Eu lembrei as palavras do velho Mestre: “Não podemos oferecer ensinamento
a quem não está pronto”.
Eu a reencontrei, após um
longo tempo, no Metrô, por acaso. Por acaso, naquele dia, eu havia decidido ir
de Metrô ao invés de ônibus, como de costume, ao meu destino. Ela dirigiu-me o olhar como quem reconhece
alguém que mora no mesmo bairro, por frequentar os mesmos lugares apenas, a
personagem. Eu lhe sorri.
Até hoje ela segue vivendo
através da vida da personagem criada, que está cada vez mais no controle,
ganhando vida própria, apossando-se do seu corpo, sufocando sua criadora Só os
olhos pretos pequeninos e tristes ali, ainda resistindo. O mesmo olhar pedindo
ajuda. Não adianta, o olhar diz tudo. Ela deixou o Metrô primeiro. Nem disse tchau. Penso que a personagem queria
evitar qualquer recaída dela, tirando-a rapidamente dali.
Qualquer semelhança com
pessoas e/ou fatos, não terá sido mera coincidência, é padrão arquetípico
mesmo.
sexta-feira, 2 de outubro de 2015
Descompensação
horária – Jet Lag!
Eye Sydney Tower |
Engraçado, agora me ocorreu
que algumas pessoas vivem em constante Jet
lags, descompensação horárias. Vivem suas vidas como se estivessem em
mudanças de horários constantes, assim, sem “norte”
mesmo! Vivem sentindo há muito tempo os efeitos ruins disso – dores de cabeça,
enjoos, falta de apetite, sexual inclusive etc. Um horror!
A pergunta que não cala é: por
que não ajustam seus relógios ao local que estão? Ou seja, por que não curtem o
momento presente, onde quer que estejam? Por que essa insistência neurótica em
teimar estarem num tempo e local não ajustado?
Muita gente vive assim: fora
do tempo, desajustados, descompensados e enjoados de tudo. Perdidos. Jet laged. Deve ser realmente muito desagradável. Só que no caso de
viagens, a gente entende. O que não dá
pra entender é gente que não sofre por mudanças de fuso eque têm problemas
com o tempo. Querendo controlar ou
manter o tempo de acordo com seus interesses. Ora, o tempo é sempre o aqui e agora,
o presente. Presente recebido do tempo
agora. Não há como controlar, congelar. Agora é o lance. O tempo agora é muito
presente. É só viver! Por que essa insistência neurótica em não vivê-lo?! Será
tão ameaçador assim que não valha ser reverenciado? Que diabo! Espaço e tempo.
Qual a distancia? Entre espaço e tempo? Sei lá. Não me interessa. Quero viver
agora. Não importa distância ou medidas. Nós
somos a velocidade da luz! Nós damos o “start”.
É tão simples. Para quê complicar? Nada de racionalizar algo que deve ser vivenciado.
Razão ou emoção? EMOÇÃO sempre! A razão só serve para atrapalhar, complicar o
que é simples. Não quero ter razão! Quero sentir a emoção de estar aqui e
agora, apesar de tudo! Não quero saber que horas são fora do local onde estou.
Não quero ter como referência o ontem ou outro local quando o que vivo é hoje!
Simples! Aqui é aqui! Lá é lá! Hoje é hoje! Ontem foi-se já! E o amanhã, ah,
vamos ver no que vai dar...
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
O
tempo presente, de presente, para ser feliz
Todos nós sabemos o quanto é
difícil receber uma noticia ruim e ter que lidar com o sentimento de impotência
gerado naquele instante e seguir apesar da notícia. Uns seguem com mais
determinação, outros nem tanto. Uns encarando como desafio especial, outros
encarando como punição. Uns resignados, outros revoltados. Uns desistindo da vida. Opções.
No momento que nos damos
conta de que existe algo alheio a nossa vontade, como a notícia de uma doença ou
fracasso numa prova, por exemplo, percebemos nossa fragilidade. É nesse momento
que precisamos fazer algo para mudar essa sensação incomoda. Não qualquer
coisa. É preciso parar e respirar fundo por um tempo para não perdermos o “norte”.
Para não ficarmos à deriva. Parece difícil,
no entanto, é a primeira atitude consciente a ser tomada. Segurar firme o leme.
É uma questão de sobrevivência. O instinto de autopreservação deve prevalecer. Firmeza
e perseverança. Fé nos Deuses, em si mesmo etc.
Muitas vezes, exatamente por
causa de uma notícia ruim, nos damos conta do quanto estivemos nos enganando,
negligenciando, ignorando e perdendo tempo precioso com bobagens, fugindo à
responsabilidade máxima de sermos plenos e felizes. Por vezes, é preciso que
algo inusitado ocorra para que nos demos conta da existência do tempo, para que
possamos percebê-lo de uma maneira como nunca fora percebido antes, e para
aprendermos com ele, o tempo. Ter prazer em conhecer o tempo. Não mais o tempo
passado e/ou tempo futuro. O tempo presente. O agora. O tempo importante, com sentido
e valor significativo, para tornar-se, o tempo, um presente divino. Urgente é usufruir
o tempo presente, de presente, para ser feliz. O resto é perda de tempo
presente. Desperdiçar o presente recebido do tempo.
Foto: eu e meus alunos de teatro, Projeto Casas de Convivência, Secretaria Especial de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida, SESQV - RJ.
segunda-feira, 23 de março de 2015
Todos nós temos motivações e/ou impulsos que, por repetidas vezes, nos conduzem a armadilhas; um conjunto de atrativos que nos puxam com tamanha força que, na maioria
das vezes, torna-se difícil livrarmo-nos de sua influência. Por vezes justificamos
dizendo ser em razão da nostalgia
quanto a sentimentos e boas sensações que não mais compartilhamos, pela
sensação de conforto e segurança dos momentos passados com pessoas especiais em
nossas vidas etc. Por isso, saímos conscientemente em busca de alguém (ou algo)
que preencha o vazio, a sensação de incompletude
que tanto nos inquieta. Sabemos que
procuramos alguém, não qualquer alguém. Queremos “a pessoa”. No entanto, de
antemão, inconscientemente, sabemos tratar-se de uma tarefa especialmente
trabalhosa: "encontrar uma
pessoa com estas características não vai ser fácil." Inconscientemente ou
não, desistimos logo de
primeira. Optamos por “catar a dedo”
relacionamentos que não preenchem nossas expectativas. Sempre fica faltando
algo. Seguimos frustrados, procurando, novamente, em lugares mais improváveis,
achar “aquela” pessoa. Chegamos até a apostar: “agora eu acertei!”.
E novamente equívoco. Autoboicote? Dedo
podre (como qualifica este “talento”, uma amiga)? Não. Compulsão à repetição + fobia
de mudança. A busca pelo objeto ideal/idealizado de desejo é
uma maneira de “ajuste” que encontramos para atingir uma completude equivocada baseada, exclusivamente,
no encontro de pessoas, da tal alma gêmea, algo que há muito tempo deixamos
escapar, por incompetência ou desmerecimento. Isso pertence ao mundo das ideias,
não ao mundo real. Procuramos no outro
nossas características opostas ou diferentes, achando que iremos encontrar a metade da laranja e sermos felizes para sempre, como mágica. E o perigo
está em acreditar nisso, com fé.
O sentimento de autorrealização,
completude, não deveria estar associado ao fato de encontrar alguém que
encaixe, seja pelas diferenças ou semelhanças. Ledo engano. Um relacionamento
não deveria estar baseado no preenchimento de lacunas, vazios, espaços não
ocupados. A fórmula não deveria ser igual a: “estou carente, logo
preciso de alguém que apresente comportamentos seguros, destemidos, autoconfiante
etc.” Qualquer relacionamento deveria considerar outras premissas. É preciso
que haja uma mudança de paradigma
para que seja possível compreender a complexidade
de ser humano e sua diversidade. É preciso
compreender a importância do autoconhecimento através de práticas que favoreçam
esse encontro consigo próprio primeiro, para em seguida buscar um
relacionamento que não seja muleta.
Muitas pessoas buscam relacionamentos
fantasiosos, falsos, construindo histórias mirabolantes, numa tentativa de
"resolver" suas questões existenciais, ao invés de encará-las. Elas se decepcionam, se machucam muito, resultando sequelas crônicas. Todos, gente comum, executivos, doutores e pós-doutores,
ninguém é poupado de cair na armadilha
quando o assunto é imaturidade emocional. Toda essa gente vive tentando imitar o padrão oficial
do relacionamento ideal, esquecendo-se de dar valor ao que realmente vale a
pena; geralmente coisas simples. Conheço muita gente que perdeu a chance de ser
feliz, por conta de intolerância, teimosia e nhe nhe nhens; por insistirem em
ter a si mesmas como o centro do universo,
por não saberem viver o nós, por não
admitirem o compartilhar. Querem o relacionamento, porém não sabem o que
implica relacionar-se. Aquelas mesmas pessoas
"atiram" para todos os
lados, sem uma distinção clara sobre pessoas e funções em suas vidas. Saem,
vão a baladas, beijam, bebem e se drogam muito, homens e mulheres, dançam até o
pé ficar cheio de bolhas, tiram selfies
risonhas, que logo postam nas redes sociais, têm uma noite animal de sexo e, em
seguida, voltam para suas casas, para suas tristes realidades. Sair pro
mundo em busca de relacionamentos, cegamente, não irá assegurar sucesso, só
reforçará a sensação de solidão e frustração. Compulsão à repetição. Sair pro mundo é bom. Mas sem apegos e comparações ilusórias para
que seja possível reconhecer pessoas integralmente, ao longo de seu caminho, e
dar-se o tempo necessário para viver as experiências que precisa viver ou não
com elas. Optar (sim, é opção!) por continuar alimentando o mundo do faz
de conta, é uma escolha perigosa que só causará mais sensação de impotência e
frustração. É muito importante que o “mundo
real” seja levado em conta, lembrar que pessoas de verdade são de carne e
osso, que têm qualidades e defeitos e, que príncipes e princesas pertencem ao “mundo encantado”. Conheço pessoas que
insistem em permanecerem no mundo encantado e são infelizes, amarguradas, com
olhar triste de quem busca algo. É preciso ter atitude.
É fato que algumas pessoas não
percebem os “sinais” e talvez NUNCA cheguem a percebê-los nesta existência, por
mais que tenham ajuda sutil ou enfática. Aquelas pessoas vivem empurrando suas
vidas com a barriga (mesmo tanquinho!), sempre adiante, sem darem a devida
importância ao trajeto que estão fazendo, às atitudes que estão tomando.
Caminham como zumbis, mortos-vivos. Algumas são arrogantes, até, zumbis
arrogantes.
Pessoas me pedem aconselhamento com
frequência, no entanto, muitas não estão prontas para mudar, e outras nem acham
que precisem mudar, mesmo tendo tido repetidas experiências afetivas mal
sucedidas com amigos, companheiros, esposos, esposas, filhos etc. E, mesmo tendo sido orientadas
para cuidarem de si mesmas, buscarem o autoconhecimento, o caminho da individuação, segundo Jung, optam por
permanecerem no padrão conhecido, na compulsão à repetição + fobia de mudança. Não
conseguem ter a atitude assertiva de dizerem para si mesmas: “não quero isso
pra mim, e pronto”. "Isso" inclui pessoas e situações. Dar o primeiro
passo em direção à mudança.a.a.
segunda-feira, 9 de março de 2015
O papel das emoções positivas em altas doses para nossa felicidade
O equivocado enaltecimento e
aceitação tácita de que o sentimento de independência emocional seja uma
questão de racionalidade e sinal de força, superioridade, “o mundo é dos fortes”,
ou capacidade especial de ser esperto,
“sobrevive apenas o mais apto”, é que tem motivado pessoas a agirem de forma a não
serem rotuladas de fracas ou emotivas, e na maioria dos casos, contra
a própria natureza. As atitudes são tomadas tendo como motivação fatores e
apelos externos, afinal de contas há uma
reputação social a zelar, e a todo custo. A preocupação é a de fazer parte
do grupo dos fortes, racionais. E
assim, quando se dão conta, percebem-se sozinhos e afastados de amigos e
daqueles a quem mais amam. Tão envolvidos na tarefa de serem reconhecidos como
racionais não entendem e, de repente, se perguntam “para onde terão ido todos?” E nem com essa constatação param para
uma reflexão. A compensação para a ausência de afeto ou manifestação de carinho
é automaticamente transferida para aquisição de bens materiais, viagens e atualmente,
a exposição e entrada no mundo de faz de conta autoalimentado nas redes
sociais, com intuito de apresentar ao mundo, mesmo que virtual, e aos próprios,
que possuem um número de “amigos” e “seguidores” cada vez crescente; que,
portanto, não são “loosers”.
Na vida real, vão às
baladas, munidos de energéticos, cerveja, drogas e camisinhas vagabundas para
manterem-se numa alegria artificial. No
fundo sabem que tudo ali é falso, fake.
Os encontros nas baladas não são vividos como experiências afetivas, para
compartilhar alegria espontânea. Tudo vira número, pessoas e lugares, “mais
uma, mais um”, para assim terem o que comentar nas redes sociais pelos seus iphones. Tudo é racional, mental, friamente
pensado para tornar pessoas e experiências em coisas.
Ao longo dos anos, não importa
o quanto jovens ou adultos sejam, são adestrados à permanência firme nos
princípios baseados em seus juízos de valores, sem cogitarem “dar o braço a
torcer”, reconsiderar, relevar, perdoar atitudes e/ou situações com as quais
não estão de acordo ou não julgam ser o
certo. Criaturas radicais com conceito particular de democracia. E assim, brigando com colegas de trabalho, reclamando
pelo lugar na fila do supermercado, desentendendo-se com maridos, esposas,
filhos e parentes, vão se autoafirmando e também tornando-se tristes e solitárias,
com sintomas neuróticos, maníacos obsessivos. Empanturram-se com suas certezas
e nhem nhem nhens. A ideia de mudança ou saída de suas zonas de
conforto é inadmissível. Conheço muitas criaturas assim.
A dor e ressentimento
causados por frustrações vivenciadas são capazes de provocar sofrimento físico,
enfraquecendo o coração, e principalmente a alma, levando para longe o
entusiasmo, instalando-se a desesperança, apatia e impotência, resultante da falta
de atitudes de carinho, manifestações de afeto, tão importantes para nós, seres
humanos. A rigidez mental lhes impede de pedir perdão ou dar uma segunda
chance; e viabilizar mudanças.
Não conseguem entender a relevância
ao expressar afeto pelo abraço, beijo ou presente de aniversário escolhido com
cuidado após idas a várias lojas para ter a certeza de receber de volta o presente
maior - o sorriso do aniversariante. Pensam unicamente com a razão,
negligenciando o papel principal das emoções positivas para nossa felicidade e
plenitude. Seguem privando-se de
momentos felizes com o filho ou filha, esposa ou marido, amigo ou amiga,
qualquer pessoa, porém firmes em suas posições, não podem vacilar.
Segundo qualquer dicionário,
o verbete vacilar é sinônimo de:
oscilar, balancear, mover-se, dançar... Todos os sinônimos passam a ideia de
movimento e mudança de um estado para outro.
É preciso lembrar que, como
seres humanos, possuímos uma natureza que oscila/vacila do claro para o escuro,
da vigília ao sono, do consciente para o inconsciente, pois somos
contraditórios por natureza. Gente de carne, osso e alma que erra e acerta, tem
certezas e dúvidas etc. E, mais que tudo, precisam de carinho e expressões de
afeto em doses homeopáticas ou não, pois não há efeitos colaterais com o
excesso, somente com a falta ou escassez. Simples assim.
Assinar Postagens [Atom]