quarta-feira, 13 de junho de 2018

 

Criaturas autocentradas, invasivas e invejosas no ambiente empresarial.

Está tornando-se cada vez mais comum o comportamento invasivo e autocentrado, sem noção, de criaturas, não somente no ambiente empresarial, como em outros setores de nossas vidas. Essas criaturas sem noção são capazes de invadir o seu perfil nas diversas redes sociais, sem o menor pudor, e começam a despejar uma avalanche de postagens como encaminhamento de CVs, promoção de sites pessoais ou corporativos e pasmem, até venda de bolo de pote. E postam por serem seus amigos e/ou conhecidos. Elas postam o que lhes convêm, a qualquer hora do dia, ignorando até o horário comercial.  Dizem estar otimizando o tempo. O tempo que não é delas. Essas criaturas manipulam, ao bel prazer, o tempo do outro. Compreensão equivocada dos vocábulos liberdade e tempo.  Criaturas invasivas e mal educadas, isso é o que são. 
Esse senso equivocado de liberdade e tempo parece piorar no âmbito de convivência em condomínio. Criaturas dão festas e jogam copos descartáveis pela janela, fumam, e jogam guimba de cigarros pela janela e por último, não menos absurdo, transam e jogam tanto a embalagem quanto a camisinha usada pela janela. Um não senso absurdo total do espaço do outro, do que é do outro. Eu tenho vivido isso. E, porque reclamo, sou chata. As criaturas sujam minha varanda e eu sou a chata.
O Linkedin, originalmente um site voltado ao universo profissional, virou palco de debate político, autoajuda, divulgação de propagandas sem noção, simplesmente, porque essas criaturas se negam enxergar o espaço e os limites do outro. As criaturas não conseguem entender normas de conduta em grupo, afinal, convenhamos, o Linkedin não é o local apropriado para falar sobre a separação de conhecido casal de jornalistas nem sobre o gosto pessoal de tal e qual artista .  De novo, eu sou a chata.
Igualmente, fora das redes sociais, no ambiente empresarial, criaturas se comportam como se fossem indispensáveis, seres onipresentes, oniscientes e onipotentes - deuses!  Não bastasse o ambiente empresarial ser legitimamente masculino e a herança patriarcal presente nos mínimos detalhes: palavrões, comentários sobre conquistas amorosas do dia anterior com colegas, em voz alta etc. E desse jeito, ignorando presenças femininas pelos corredores e salas. Agem como se a empresa fosse uma extensão de suas residências. Falta pouco para abrirem uma cervejinha enquanto comentam sobre seus feitos. Respeito, comportamento profissional? Isso sem falar de muita competição boba e pouca produtividade.  Olha a chata, aí, de novo.
É fato que se perde tempo valioso em reuniões que não seguem a pauta e desandam a trivialidades, mero preenchimento de tempo. Assim, o tempo de criaturas é subutilizado sem qualquer cerimônia pela criatura que convocou a reunião sem sentido. A reunião termina e nada relevante acontece de fato que justificasse o mau uso do tempo dos outros.
Há muito o sentido de equipe se perdeu nas empresas, em geral. O que se vê é disputa entre egos, quem tem o poder. O líder que deveria ser aquela criatura a estimular os demais membros da equipe a terem atitudes criativas na empresa é o primeiro a se comportar como se sua equipe não fosse relevante porque tudo acontece porque ele, o líder ou chefe, é quem tem o poder.  Poder é mal usado. Membros pró ativos não são bem vindo.  Tampouco opiniões. Chefes inseguros e imaturos que não permitem que sua equipe trabalhe, seja criativa. Inacreditável.
A grande disputa entre as gerações Baby Boomers, X e Y se faz presente. Olha a chata de novo.
Assim, o ambiente corporativo vive crises interpessoais que deveriam estar sendo elaboradas em terapia, não sendo vivenciadas nas empresas.  Criaturas inseguras temendo por suas ideias criativas serem roubadas e não receberem crédito, criaturas autocentradas, individualistas, que só olham para os próprios umbigos, e o fantasma do desemprego rondando, principalmente para os das gerações Baby Boomers e X.
O trabalho em equipe ainda está sendo vivenciado no sentido pessoal, para provar quem é o melhor (típico da geração Y), não o sentido da equipe, de senso comum, quando as capacidades de cada um, independente da geração é que deveriam ser valorizadas.
A empresa do futuro saberá administrar as diferenças para o bem comum. A empresa do futuro será aquela que saberá valorizar seus profissionais, com suas capacidades e experiências distintas, não descriminando ou utilizando-se de subterfúgios preconceituosos.  Respeito e tolerância são essenciais entre os membros da equipe de qualquer empresa, em qualquer tempo. Chata?


sábado, 7 de janeiro de 2017

 

Atitude e Aquisição nos diferentes setores



terça-feira, 8 de março de 2016

 
NSW, Australia.
“Não podemos oferecer ensinamento a quem não está pronto.”
A Astrologia nos orienta que a cada trinta anos todos nós temos a oportunidade de aprender, despertar e promover a própria mudança. Acontece como uma inquietação e dá o efeito “start”.  Algumas pessoas mudam próximo aos 30, outras aos 60, outras aos 90 e outras não aprendem.
Reencontrei essa pessoa. Ela mostrava-se altiva, segura em suas atitudes. Na verdade, ela escondia uma mulher carente e frágil, insegura e amedrontada.  Somente aqueles mais atentos como eu, poderia perceber isso com apenas um olhar.  Experiência de vida. Dejà vue. Lembranças de vidas passadas. Fiquem à vontade. O fato é que o olhar diz tudo. Olhos pretos pequeninos, com vastos, longos cílios, e olhar expressivamente triste. Sorriso sem brilho. Músculos da face tensos. Ela pensava que podia enganar a todos vestindo todos os dias aquela personagem feita de papel crepom para sair. O tempo todo ela investia sua energia na construção daquela personagem para fugir de quem era realmente. Não! Arrogante, orgulhosa e prepotente, não queria ser vista por todos como uma pessoa comum. Ela queria ser alguém importante aos olhos dos outros. Afinal, uma vencedora, dado seu histórico familiar, abusos, traumas. Ela tinha que ser diferenciada, estar em destaque para ser notada e ovacionada ante a multidão de pessoas comuns. Faltava-lhe pouco para usar uma melancia pendurada no pescoço, tamanho seu apelo por atenção; e utilizar da característica cômica de seu personagem. Não! Seria deselegante. Queria ser notada por sua inteligência. Fazia questão de falar sobre seu QI elevado. Havia se formado numa Universidade particular, inscrita no programa de ajuda financeira a estudantes que não podem pagar a universidade, estudado um idioma estrangeiro. Gabava-se, dizendo ter a certeza de sua importância para a sociedade como formadora de opinião etc. e tal. Não conseguiu estabilidade profissional nem econômica. Usava maquiagem, roupas, perfumes que não podia pagar. Usava o mágico cartão de crédito. Muitas vezes não tinha sequer dinheiro para o ônibus. Ela fez questão de mudar-se para a zona nobre da cidade, morando numa vaga, e posar de classe média alta.  Queria apagar lembranças de sua origem sem refinamento. Coincidentemente, seu sobrenome era o mesmo de alguém influente no cenário político nacional. Não tinha qualquer parentesco com a tal criatura. Somente coincidência mesmo. No entanto, ressaltava o sobrenome para fazer efeito sobre as pessoas. Falava muito, emendando um assunto em outro, para não dar tempo ao ouvinte de fazer alguma pergunta e, para ao mesmo tempo, ter a sensação de que tinha domínio do discurso e a atenção do outro. Articulada. No perfil de seu personagem constava que ela expressava suas ideias demonstrando não somente conhecimento como desenvoltura e firmeza em assuntos como sexo, política, religião, preconceito, mecânica de automóveis etc. No entanto, tudo texto decorado de sua personagem. O seu texto era muito diferente.  O que aqueles olhos pretos pequeninos me diziam era que ela se sentia a mais carente e solitária das criaturas. Ela tinha fobia por falar em público e era tímida.  Seus olhos pretos pequeninos, antes de tudo, pediam ajuda. Só que a personagem estava tão presente que já não havia mais espaço para ela, só os olhos pretos pequeninos ainda permaneciam ali.  Há muito ela havia se infiltrado naquele texto criado, e já acreditava piamente ser a personagem. Imagino sua destreza nas sessões de psicoterapia, tentando manipular a terapeuta, convencendo a si mesma e à terapeuta, de que fazia terapia por ser chic ou por outra razão qualquer.
Ela nunca relaxava, sua mente era como um motor ligado na potencia máxima, prestes a parar de funcionar por superaquecimento.  Seu semblante, pesado. Sua pele muito alva. Inconscientemente, ela fugia da luz do sol. Doava à personagem uma energia que não possuía para provar a si mesma que podia construir uma personagem poderosa, imbatível e irresistível.  Ela, não a personagem, sentia-se um patinho feio, tinha TOC, sentia dor de cabeça constante, enjoo, devido à gastrite crônica, dor nas costas, dor nas pernas, prisão de ventre e sofria de insônia. Estava esgotada. Visivelmente, a aparência bem mais velha para a sua idade, apesar de apresentar um comportamento emocional tipicamente adolescente. Olheiras visíveis pela ausência de sono e cansaço físico e mental. Ela já apresentava um quadro de depressão. Analgésicos, ansiolíticos e outras cositas mas. Contrariamente à sua personagem, esta tinha autoestima elevada, adorava o sol, a praia, exibir-se. Era viva, dinâmica, atualizadíssima, munida de seus dispositivos eletrônicos, alegre, jovial e sedutora.  Sua personagem usava um olhar sedutor, fala sedutora, cabelos longos soltos, que balançavam ao vento, conforme caminhava na rua ou praia, só para seduzir pessoas comuns. Adorava perceber os olhares de cobiça e inveja. Tudo, conforme constava no script, que seguia direitinho, para não ter que lembrar que para gostar um pouco de si mesma havia se submetido a inúmeras cirurgias plásticas e, mesmo assim, ainda não estava satisfeita consigo própria.  Ela, a personagem, fazia biquinho para pedir orientação sobre indicação de uma rua ou simplesmente para pedir ao vizinho de porta, casado, trocar um armário grande de lugar, só para dar motivos para a vizinha brigar com o marido, e assim, sentir-se po-de-ro-sa.  Afinal, ela seduzia por prazer, o seu próprio prazer. Ela queria e pronto. Tão diferente da criadora da personagem.  Faltava-lhe senso ético, moral e religioso. Também adorava passar por uma obra só para ouvir os trabalhadores, pessoas comuns, se deliciarem, referindo-se a ela como algo de comer. A personagem me contava tudo com ar de sapeca para, logo em seguida, penso, cair em si e revelar seus olhos pretos pequeninos e tristes. Sua personagem era perfeita, gabava-se dizendo nunca ter se submetido a nenhuma cirurgia, que tudo era natural. E que nem precisava fazer academia. Podia comer à vontade. Comia brigadeiro, massas diversas, açaí e podia comer um boi inteiro, pois sim.  E dizia que se ganhasse peso, seriam apenas poucas 100 gramas, até bem menos. A criadora da personagem nem se alimentava direito, devido especificamente à gastrite crônica; por isso era magra.  A personagem dizia que tinha ficantes, pois adorava transar; comparava-se a uma ninfomaníaca. Dizia que quando estava a fim de, era só chamar aquele que iria satisfazer seus desejos específicos daquele dia. Ui! Eu acompanhava seus momentos de perto. E como quem sabe diferenciar um gêmeo do outro, eu observava seu esforço em aparentar ser o que não era diante das pessoas, tratando-as sempre pelo primeiro nome, demonstrando segurança e intimidade sem ter. É engraçado, esse senso arrogante de autoimportância. Tão anos 50-60 isso; tão démodée. Eu não posso evitar um sorrisinho de canto de boca quando presencio tais cenas. Tem gente que parece que veio direto do túnel do tempo. Rs.
Toda vez que estávamos sozinhas, ela sentia-se um pouco à vontade para despir-se de sua personagem e respirar um pouco seu próprio ar, conversar comigo, olhar no olhar, e perguntar o que eu pensava de tudo aquilo. Ela dizia que queria casar de véu, grinalda, flor de laranjeira, um vestido branco lindo e ter muitos filhos. No corpo da personagem procurava alguém enquanto a personagem tinha interesses bem diferentes. Ela não compreendia porque ninguém a amava. Vários relacionamentos vazios, experiências repetidas não aprendidas. A briga interna entre a personagem, mulher fatal que criara, e a mulher real carente e amedrontada estava ficando séria. Sua personagem era independente, livre, leve e solta. Era indomável. Filhos não estavam em seus planos. Homens somente para diversão.  A sombra estava apossando-se dela. Sua criadora queria pertencer a alguém, ter um lar e filhos. Dependente emocional. Frustrações compartilhadas com seus gatos, comigo e poucos amigos. A personagem fazia carão nas redes sociais em eventos diversos. Ela chorava baixinho, agarrada ao seu travesseiro à noite em seu quarto.
Por alguma razão ela sentia-se segura com a minha presença.  Ela me pedia orientação.  Por vezes, ela mesma me disse que eu era como uma fada, “minha fadinha”. No entanto, já estava tão impregnada da personagem que criara para si que voltava imediatamente para a personagem, toda vez que parecia que algo a trazia de volta para si. Ela, a personagem, então, irritada, me chamava de “dona da verdade”. “Minha fadinha”, para ela e “dona da verdade” para sua personagem. Duas falas, textos opostos. Engraçado isso. Dupla personalidade. Bipolaridade. Incorporação de uma entidade. Espírito obsessor. Fiquem à vontade. Tudo que ela não queria era mudar, sua personagem a seduzira também. Era a sombra Lillith que ela não podia bancar, eu dizia. 
E quando dizia que queria mudar, não percebia tratar-se de um processo. Ela queria mudança rápida, como se estivesse sendo espionada. Eu falava-lhe sobre alimentação saudável, meditação, respiração consciente, mantras, tai chi etc. Ela queria aprender tudo rápido, absorver tudo rápido, como se eu pudesse fazer transferência direta de dados. Como se, ela mesma, fosse um de seus dispositivos, pronta para fazer transferência de dados. Estava perdendo-se há muito tempo e não percebia o tempo passar. Estava pensando que podia continuar o que não tinha condições de bancar. Petulância.  Burrice.  Eu lembrei as palavras do velho Mestre: “Não podemos oferecer ensinamento a quem não está pronto”.
Eu a reencontrei, após um longo tempo, no Metrô, por acaso. Por acaso, naquele dia, eu havia decidido ir de Metrô ao invés de ônibus, como de costume, ao meu destino.  Ela dirigiu-me o olhar como quem reconhece alguém que mora no mesmo bairro, por frequentar os mesmos lugares apenas, a personagem.  Eu lhe sorri.
Até hoje ela segue vivendo através da vida da personagem criada, que está cada vez mais no controle, ganhando vida própria, apossando-se do seu corpo, sufocando sua criadora Só os olhos pretos pequeninos e tristes ali, ainda resistindo. O mesmo olhar pedindo ajuda. Não adianta, o olhar diz tudo. Ela deixou o Metrô primeiro. Nem disse tchau. Penso que a personagem queria evitar qualquer recaída dela, tirando-a rapidamente dali.

Qualquer semelhança com pessoas e/ou fatos, não terá sido mera coincidência, é padrão arquetípico mesmo. 

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

 
Descompensação horária – Jet Lag!
Eye Sydney Tower

Engraçado, agora me ocorreu que algumas pessoas vivem em constante Jet lags, descompensação horárias. Vivem suas vidas como se estivessem em mudanças de horários constantes, assim, sem “norte” mesmo! Vivem sentindo há muito tempo os efeitos ruins disso – dores de cabeça, enjoos, falta de apetite, sexual inclusive etc.  Um horror!
A pergunta que não cala é: por que não ajustam seus relógios ao local que estão? Ou seja, por que não curtem o momento presente, onde quer que estejam? Por que essa insistência neurótica em teimar estarem num tempo e local não ajustado?   

Muita gente vive assim: fora do tempo, desajustados, descompensados e enjoados de tudo. Perdidos. Jet laged. Deve ser realmente muito desagradável. Só que no caso de viagens, a gente entende.  O que não dá pra entender é gente que não sofre por mudanças de fuso eque têm problemas com o tempo.  Querendo controlar ou manter o tempo de acordo com seus interesses. Ora, o tempo é sempre o aqui e agora, o presente.  Presente recebido do tempo agora. Não há como controlar, congelar. Agora é o lance. O tempo agora é muito presente. É só viver! Por que essa insistência neurótica em não vivê-lo?! Será tão ameaçador assim que não valha ser reverenciado? Que diabo! Espaço e tempo. Qual a distancia? Entre espaço e tempo? Sei lá. Não me interessa. Quero viver agora.  Não importa distância ou medidas. Nós somos a velocidade da luz! Nós damos o “start”. É tão simples. Para quê complicar? Nada de racionalizar algo que deve ser vivenciado. Razão ou emoção? EMOÇÃO sempre! A razão só serve para atrapalhar, complicar o que é simples. Não quero ter razão! Quero sentir a emoção de estar aqui e agora, apesar de tudo! Não quero saber que horas são fora do local onde estou. Não quero ter como referência o ontem ou outro local quando o que vivo é hoje! Simples! Aqui é aqui! Lá é lá! Hoje é hoje! Ontem foi-se já! E o amanhã, ah, vamos ver no que vai dar...

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

 
O tempo presente, de presente, para ser feliz
Todos nós sabemos o quanto é difícil receber uma noticia ruim e ter que lidar com o sentimento de impotência gerado naquele instante e seguir apesar da notícia. Uns seguem com mais determinação, outros nem tanto. Uns encarando como desafio especial, outros encarando como punição. Uns resignados, outros revoltados.  Uns desistindo da vida. Opções.
No momento que nos damos conta de que existe algo alheio a nossa vontade, como a notícia de uma doença ou fracasso numa prova, por exemplo, percebemos nossa fragilidade. É nesse momento que precisamos fazer algo para mudar essa sensação incomoda. Não qualquer coisa. É preciso parar e respirar fundo por um tempo para não perdermos o “norte”.  Para não ficarmos à deriva. Parece difícil, no entanto, é a primeira atitude consciente a ser tomada. Segurar firme o leme. É uma questão de sobrevivência. O instinto de autopreservação deve prevalecer. Firmeza e perseverança. Fé nos Deuses, em si mesmo etc.

Muitas vezes, exatamente por causa de uma notícia ruim, nos damos conta do quanto estivemos nos enganando, negligenciando, ignorando e perdendo tempo precioso com bobagens, fugindo à responsabilidade máxima de sermos plenos e felizes. Por vezes, é preciso que algo inusitado ocorra para que nos demos conta da existência do tempo, para que possamos percebê-lo de uma maneira como nunca fora percebido antes, e para aprendermos com ele, o tempo. Ter prazer em conhecer o tempo. Não mais o tempo passado e/ou tempo futuro. O tempo presente. O agora. O tempo importante, com sentido e valor significativo, para tornar-se, o tempo, um presente divino. Urgente é usufruir o tempo presente, de presente, para ser feliz. O resto é perda de tempo presente. Desperdiçar o presente recebido do tempo.

Foto: eu e meus alunos de teatro, Projeto Casas de Convivência, Secretaria Especial de Envelhecimento  Saudável e Qualidade de Vida, SESQV - RJ.

segunda-feira, 23 de março de 2015

 
Relacionamentos e Mudanças – encontros, desencontros e reencontros

Todos nós temos motivações e/ou impulsos que, por repetidas vezes, nos conduzem a armadilhas; um conjunto de atrativos que nos puxam com tamanha força que, na maioria das vezes, torna-se difícil livrarmo-nos de sua influência. Por vezes justificamos dizendo ser em razão da nostalgia quanto a sentimentos e boas sensações que não mais compartilhamos, pela sensação de conforto e segurança dos momentos passados com pessoas especiais em nossas vidas etc. Por isso, saímos conscientemente em busca de alguém (ou algo) que preencha o vazio, a sensação de incompletude que tanto nos inquieta.  Sabemos que procuramos alguém, não qualquer alguém. Queremos “a pessoa”. No entanto, de antemão, inconscientemente, sabemos tratar-se de uma tarefa especialmente trabalhosa: "encontrar uma pessoa com estas características não vai ser fácil." Inconscientemente ou não, desistimos logo de primeira. Optamos por “catar a dedo” relacionamentos que não preenchem nossas expectativas. Sempre fica faltando algo. Seguimos frustrados, procurando, novamente, em lugares mais improváveis, achar “aquela” pessoa. Chegamos até a apostar: “agora eu acertei!”.
E novamente equívoco.  Autoboicote? Dedo podre (como qualifica este “talento”, uma amiga)? Não. Compulsão à repetição + fobia de mudança.  A busca pelo objeto ideal/idealizado de desejo é uma maneira de “ajuste” que encontramos para atingir uma completude equivocada baseada, exclusivamente, no encontro de pessoas, da tal alma gêmea, algo que há muito tempo deixamos escapar, por incompetência ou desmerecimento. Isso pertence ao mundo das ideias, não ao mundo real. Procuramos no outro nossas características opostas ou diferentes, achando que iremos encontrar a metade da laranja e sermos felizes para sempre, como mágica. E o perigo está em acreditar nisso, com fé. O sentimento de autorrealização, completude, não deveria estar associado ao fato de encontrar alguém que encaixe, seja pelas diferenças ou semelhanças. Ledo engano. Um relacionamento não deveria estar baseado no preenchimento de lacunas, vazios, espaços não ocupados. A fórmula não deveria ser igual a:estou carente, logo preciso de alguém que apresente comportamentos seguros, destemidos, autoconfiante etc.” Qualquer relacionamento deveria considerar outras premissas. É preciso que haja uma mudança de paradigma para que seja possível compreender a complexidade de ser humano e sua diversidade.  É preciso compreender a importância do autoconhecimento através de práticas que favoreçam esse encontro consigo próprio primeiro, para em seguida buscar um relacionamento que não seja muleta.
Muitas pessoas buscam relacionamentos fantasiosos, falsos, construindo histórias mirabolantes, numa tentativa de "resolver" suas questões existenciais, ao invés de encará-las. Elas se decepcionam, se machucam muito, resultando sequelas crônicas. Todos, gente comum, executivos, doutores e pós-doutores, ninguém é poupado de cair na armadilha quando o assunto é imaturidade emocional.  Toda essa gente vive tentando imitar o padrão oficial do relacionamento ideal, esquecendo-se de dar valor ao que realmente vale a pena; geralmente coisas simples. Conheço muita gente que perdeu a chance de ser feliz, por conta de intolerância, teimosia e nhe nhe nhens; por insistirem em ter a si mesmas como o centro do universo, por não saberem viver o nós, por não admitirem o compartilhar. Querem o relacionamento, porém não sabem o que implica relacionar-se.  Aquelas mesmas pessoas "atiram" para todos os lados, sem uma distinção clara sobre pessoas e funções em suas vidas.  Saem, vão a baladas, beijam, bebem e se drogam muito, homens e mulheres, dançam até o pé ficar cheio de bolhas, tiram selfies risonhas, que logo postam nas redes sociais, têm uma noite animal de sexo e, em seguida, voltam para suas casas, para suas tristes realidades. Sair pro mundo em busca de relacionamentos, cegamente, não irá assegurar sucesso, só reforçará a sensação de solidão e frustração.  Compulsão à repetição. Sair pro mundo é bom.  Mas sem apegos e comparações ilusórias para que seja possível reconhecer pessoas integralmente, ao longo de seu caminho, e dar-se o tempo necessário para viver as experiências que precisa viver ou não com elas.  Optar (sim, é opção!) por continuar alimentando o mundo do faz de conta, é uma escolha perigosa que só causará mais sensação de impotência e frustração. É muito importante que o “mundo real” seja levado em conta, lembrar que pessoas de verdade são de carne e osso, que têm qualidades e defeitos e, que príncipes e princesas pertencem ao “mundo encantado”. Conheço pessoas que insistem em permanecerem no mundo encantado e são infelizes, amarguradas, com olhar triste de quem busca algo. É preciso ter atitude.
É fato que algumas pessoas não percebem os “sinais” e talvez NUNCA cheguem a percebê-los nesta existência, por mais que tenham ajuda sutil ou enfática. Aquelas pessoas vivem empurrando suas vidas com a barriga (mesmo tanquinho!), sempre adiante, sem darem a devida importância ao trajeto que estão fazendo, às atitudes que estão tomando. Caminham como zumbis, mortos-vivos. Algumas são arrogantes, até, zumbis arrogantes.
Pessoas me pedem aconselhamento com frequência, no entanto, muitas não estão prontas para mudar, e outras nem acham que precisem mudar, mesmo tendo tido repetidas experiências afetivas mal sucedidas com amigos, companheiros, esposos, esposas, filhos etc. E, mesmo tendo sido orientadas para cuidarem de si mesmas, buscarem o autoconhecimento, o caminho da individuação, segundo Jung, optam por permanecerem no padrão conhecido, na compulsão à repetição + fobia de mudança. Não conseguem ter a atitude assertiva de dizerem para si mesmas: “não quero isso pra mim, e pronto”. "Isso" inclui pessoas e situações. Dar o primeiro passo em direção à mudança.a.a.

segunda-feira, 9 de março de 2015

 

O papel das emoções positivas em altas doses para nossa felicidade




O equivocado enaltecimento e aceitação tácita de que o sentimento de independência emocional seja uma questão de racionalidade e sinal de força, superioridade, “o mundo é dos fortes”, ou capacidade especial de ser esperto, “sobrevive apenas o mais apto”, é que tem motivado pessoas a agirem de forma a não serem rotuladas de fracas ou emotivas, e na maioria dos casos, contra a própria natureza. As atitudes são tomadas tendo como motivação fatores e apelos externos, afinal de contas há uma reputação social a zelar, e a todo custo. A preocupação é a de fazer parte do grupo dos fortes, racionais. E assim, quando se dão conta, percebem-se sozinhos e afastados de amigos e daqueles a quem mais amam. Tão envolvidos na tarefa de serem reconhecidos como racionais não entendem e, de repente, se perguntam “para onde terão ido todos?” E nem com essa constatação param para uma reflexão. A compensação para a ausência de afeto ou manifestação de carinho é automaticamente transferida para aquisição de bens materiais, viagens e atualmente, a exposição e entrada no mundo de faz de conta autoalimentado nas redes sociais, com intuito de apresentar ao mundo, mesmo que virtual, e aos próprios, que possuem um número de “amigos” e “seguidores” cada vez crescente; que, portanto, não são “loosers”.
Na vida real, vão às baladas, munidos de energéticos, cerveja, drogas e camisinhas vagabundas para manterem-se numa alegria artificial.  No fundo sabem que tudo ali é falso, fake. Os encontros nas baladas não são vividos como experiências afetivas, para compartilhar alegria espontânea. Tudo vira número, pessoas e lugares, “mais uma, mais um”, para assim terem o que comentar nas redes sociais pelos seus iphones. Tudo é racional, mental, friamente pensado para tornar pessoas e experiências em coisas.
Ao longo dos anos, não importa o quanto jovens ou adultos sejam, são adestrados à permanência firme nos princípios baseados em seus juízos de valores, sem cogitarem “dar o braço a torcer”, reconsiderar, relevar, perdoar atitudes e/ou situações com as quais não estão de acordo ou não julgam ser o certo. Criaturas radicais com conceito particular de democracia. E assim, brigando com colegas de trabalho, reclamando pelo lugar na fila do supermercado, desentendendo-se com maridos, esposas, filhos e parentes, vão se autoafirmando e também tornando-se tristes e solitárias, com sintomas neuróticos, maníacos obsessivos. Empanturram-se com suas certezas e nhem nhem nhens.  A ideia de mudança ou saída de suas zonas de conforto é inadmissível. Conheço muitas criaturas assim.
A dor e ressentimento causados por frustrações vivenciadas são capazes de provocar sofrimento físico, enfraquecendo o coração, e principalmente a alma, levando para longe o entusiasmo, instalando-se a desesperança, apatia e impotência, resultante da falta de atitudes de carinho, manifestações de afeto, tão importantes para nós, seres humanos. A rigidez mental lhes impede de pedir perdão ou dar uma segunda chance; e viabilizar mudanças.
Não conseguem entender a relevância ao expressar afeto pelo abraço, beijo ou presente de aniversário escolhido com cuidado após idas a várias lojas para ter a certeza de receber de volta o presente maior - o sorriso do aniversariante. Pensam unicamente com a razão, negligenciando o papel principal das emoções positivas para nossa felicidade e plenitude. Seguem privando-se de momentos felizes com o filho ou filha, esposa ou marido, amigo ou amiga, qualquer pessoa, porém firmes em suas posições, não podem vacilar.
Segundo qualquer dicionário, o verbete vacilar é sinônimo de: oscilar, balancear, mover-se, dançar... Todos os sinônimos passam a ideia de movimento e mudança de um estado para outro.

É preciso lembrar que, como seres humanos, possuímos uma natureza que oscila/vacila do claro para o escuro, da vigília ao sono, do consciente para o inconsciente, pois somos contraditórios por natureza. Gente de carne, osso e alma que erra e acerta, tem certezas e dúvidas etc. E, mais que tudo, precisam de carinho e expressões de afeto em doses homeopáticas ou não, pois não há efeitos colaterais com o excesso, somente com a falta ou escassez. Simples assim.

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