sexta-feira, 13 de junho de 2014

 

"Sobre" a Copa.

Bom, vou te dizer uma coisa: minha lembrança sobre copas anteriores é de encontro animado com amigos no meu apartamento em Copacabana, Rio de Janeiro.  Desde cedo, cada um ia chegando e se preparando para a “festa”.  A equipe era naturalmente formada. Havia aqueles responsáveis por fazer o “rango”, os especialistas em batidas (tinha uma batizada com meu nome, e só de sacanagem, pois não bebo batida!), os encarregados da “produção da galera”, verificando se todos estavam vestidos de acordo, com enfeites divertidos, principalmente os meninos, sempre mais tímidos que nós, mulheres, os “coreógrafos de plantão” preparando dancinhas felizes. Era muito bom.  Lembro que como eu, todos, ficavam esperando ansiosos pelo dia do início de cada Copa.
O momento da copa era sentido e vivido como um algo importante a ser comemorado e compartilhado com amigos e parentes.  Aqueles que estavam em seus ambientes de trabalho compartilhavam com seus colegas a mesma emoção.  Havia um sentimento de força e união presente.  Comemoração. Claro, éramos todos mais jovens, idealistas e sonhadores também, porém felizes de verdade com nossas conquistas pessoais, nossas rebeldias, ninguém naquela época, era conformado, de maneira nenhuma! Éramos todos mais verdadeiros, de carne e osso, menos “fake” como hoje são os que vivem pelos seus perfis ou avatares ou substitutos, sei lá.  Aquela felicidade inocente cedeu lugar a outros sentimentos.  Usando um termo de psicologia, havia ab reação naquele tempo.  Hoje, vemos uma catarse. Muito simbólico e preocupante.
Casei, mudei de cidade, mudei de país, descasei, hoje tenho um namorado, alguns amigos daquele tempo se foram, outros, eu continuo tendo contato, outros mudaram de cidade ou país, outros não tenho mais notícias, amigos novos.  Voltei para Copacabana.  
Ontem, eu realmente, não tive NENHUMA motivação para assistir à Copa. Desde cedo havia barulho, não de torcedores se preparando para a “festa”, mas de helicópteros sobrevoando sob minha janela, tão baixo que eu podia dar tchauzinho para os agentes do bope, se quisesse. O clima estava muito tenso. Parecia uma preparação para o início de uma guerra. Ao longe, ouvia barulho de bombas de gás lacrimogêneo e gritos. Havia também torcedores caminhando, como walking deads, para os barzinhos. Tudo estranho. Tudo era fake, se não era, soava. Alegria fake.  Comemoração fake. Teria sido melhor se TODOS tivessem ficado em casa ou que tivessem feito GREVE GERAL DE TUDO. Sei lá. Só uma ideia.
Preferi fazer pizza, já que não comia pizza há bastante tempo.  Naquele momento, enquanto eu separava os ingredientes, fazia a massa, deixava a massa descansando, selecionava os itens para por nas pizzas, eu estava realmente em paz e feliz.  Aquele processo, de fazer a pizza, com cuidado e zelo, era mais importante e verdadeiro.  Fazer pizza  foi a FESTA. Ponto.




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